sexta-feira, maio 04, 2012
ESTE É O MEU LUGAR:Título:
This Must Be The PlaceRealizador: Paolo Sorrentino
Ano: 2011

Com o sucesso de
Il Divo - A Vida Espectacular de Giulio Andeotti, Paolo Sorrentino ganhou o bilhete para a internacionalização. E, chegado a Hollywood, o italiano quis fazer jus ao ditado "em Roma, sê romano" e jogou-se de unhas e dentes aos códigos do cinema norte-americano. Alguém mencionou road movie?
Primeiro convocou Sean Penn e deu-lhe de mão beijada Cheyenne, uma daquelas personagens que valem sozinhas um filme (ou uma carreira. E Johnny Depp telefonou logo a seguir a pedi-la de volta. Cheyenna é uma estrela de rock dos anos 80 reformada, que funde o tímido, sensível e despenteado Robert Smith com o raquítico e conservado em drogas Ozzy Osbourne. Cheyenne está tão acomodado que até já confunde tédio com depressão.
Este É O Meu Lugar joga-o então numa demanda que lhe irá permitir (re)encontrar consigo próprio: achar o nazi que humilhou o seu pai em Auschwitz. Bem-vindo ao tal road-movie. E lembramo-nos logo de
Paris Texas. Até porque Wim Wenders é referência que há-de voltar a acenar mais uma ou duas vezes durante o filme, como aquele cameo de David Byrne, a interpretar integralmente o tema homónimo do filme. Alguém se lembrou de Nick Cave em
Asas Do Desejo?
Apesar de estar em território norte-americano, Sorrentino ilustra o road movie à sua maneira, com um cinema estilizado, que os críticos mais classicistas gostam de apelidar de estilo publicitário, esforçando-se para lhe dar uma conotação negativa. O pior é mesmo Sorrentino esforçar-se demasiado em convocar vários símbolos do cinema norte-americano, já que muitos ficam-se apenas pela referência onanista. E já para não falar do Holocausto, que é apenas um fait-diver.
Apesar de ser, na maior parte das vezes, um filme que prefere sugerir do que referir (e são muitas as pontas que ficam soltas no argumento, deixando~-as à interpretação do espectador),
Este É O Meu Lugar perde-se amiúde na sua história demasiado implausível e com demasiadas coincidências. Faltou-lhe ligar o descomplicador e deixar-se levar pelo sabor do alcatrão (talvez ver um bocadinho mais de Jim Jarmusch) e deixar-se consumir pela colecção de cromos (leia-se inadaptados) que vão surgindo na demanda de Cheyenne até à sua redenção final.
Mas temos que ser sinceros: sem Sean Penna,
Este É O Meu Lugar nem chegaria ao Double Cheeseburger.
Posted by: dermot @
7:40 da manhã
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