quinta-feira, abril 19, 2012
GAINSBOURG - VIDA HERÓICA:Títul:
Gainsbourg (Vie Héroïque)Realizador: Joann Sfar
Ano: 2010

Seguindo aquela máxima de que entre a realidade a ficção se deve optar pela segunda, o autor de banda-desenhada, Joann Sfar, decidiu adaptar para cinema a vida e obra de Serge Gainsbourg. Cumpriu-a tão literalmente que sentiu necessidade de o revelar, com um dístico no final de
Gainsbourg - Vida Heróica, onde explica que o filme segue antes o mito e não o homem. Já o tínhamos percebido, até mesmo muito antes, quando Charlotte Gainsbourg fora, inicialmente, a escolha prevista para encarnar a pele do seu próprio pai(!).
Por isso,
Gainsbourg - Vida Heróica é um biopic mais na onda do que
Não Estou Aí fez de Bob Dylan do que dos biopic convencionais, como
Ray ou
Walk The Line. No fundo, faz todo o sentido, uma vez que Serge Gainsbourg foi muito mais do que apenas um músico genial. Tal como Bob Dylan, foi uma personagem complexa que, curiosamente, dependeu proporcionalmente da quantidade de álcool ingerido. Além de ter redefinido toda a chanson francesa, Gainsbourg foi também um provocador, um mulherengo e um hedonista.
Daí que Sfar tenha convocado para
Gainsbourg - Vida Heróica um lado onírico, que poderia muito bem pertencer a um filme de Spike Jonze, ao personalizar o lado mau, inseguro, feio e criador de Gainsbourg numa marionete grotesca e humanizada que o acompanha da mesma forma que a consciência acompanha o Pinóquio.
Posto isto,
Gainsbourg - Vida Heróica é uma narrativa mais ou menos linear da vida e obra de Serge Gainsbourg, desde a sua infância na França ocupada pelos nazis até ao momento em que a sua velhice decadente começou a sobrepor-se ao génio subversivo - episódios como o da Whitney Houston são divertidos de ver, mas insultuosos à memória do homem. Portanto, estão lá as mulheres da sua vida - Gréco, Bardot (excelente Laetitia Casta), Birkin... -, a sua relação com os pais, os escândalos (a Marselhesa em reggae ou uma ingénua France Gall a cantar de como gostava de chupar chupa-chupas) e, claro, a sua música. E só para ouvir a sua música já valia um McRoyal Deluxe, quanto mais o resto.
Posted by: dermot @
9:21 da manhã
|