quinta-feira, março 29, 2012
A CIDADE DOS MALDITOS:Título:
Village Of The DamnedRealizador: John Carpenter
Ano: 1995

Alguém devia pegar na obra de John Carpenter e dedicar-se a analisa-la com uma visão psicanalista, como fazem tantas vezes com Alfred Hitchcock. Basta ver como, por exemplo, o realizador norte-americano pega num filme de sustos algo datado - olá
A Aldeia Dos Malditos - e transforma-o numa meditação sobre a condição humana e sobre o individualismo. Caro Slavoj Žižek, se me estás a ler, faz lá alguma coisa por isso.
A Cidade Dos Malditos começa com um plano aéreo que se aproxima de um daqueles locais típicos dos Estados Unidos, onde todos se conheem e têm uma casa com uma cerca branca e um jardim. Como todos já vimos
A Noite Dos Mortos-Vivos, percebemos que aquele plano é o olhar subjectivo de algo (ou alguém) que chega à cidade. E pela banda-sonora minimalista percebemos que as suas intenções não são as melhores.
Primeiro, toda a população desmaia e fica inconsciente durante algumas horas. Não é bem o
FlashForward, mas a comparação pode ser feita. Depois, dez mulheres ficam prenhas ao mesmo tempo, por concepção divina. E, nova meses depois, dão à luz um bando de crianças esquisitas, com o cabelo, branco, poderes paranormais e uma consciência comum, que pelo seu racionalismo e individualismo, os colocam em confronto com os seres humanos. mas qual será a espécie superior? Ou melhor, a dominante?
É esta a reflexão filosófica que
A Cidade Dos Malditos propõe, sem que Carpenter elimine a componente de terror. O grupo de crianças é assustadoramente perturbador, pela forma que age desprovida de qualquer pingo de humanidade e matando com grande facilidade e se qualquer remorso ou peso de consciência. De repente, Carpenter transforma os seres mais puros e ingénuos do mundo - as crianças, antes de serem corrompidas pela experiência adquirida e a consciência da idade - em m´quinas assassinas, frias, cruéis e metódicas.
Cristopher Reeve, no seu derradeiro papel antes do infeliz acidente hípico, é o herói da picada, enquanto que Kristie Alley, antes de engordar que nem uma bácora, é um claro erro de casting na pele de uma agente estatal algo misteriosa. Ah, também anda por lá Mark Hamill, no inconsequente papel do padre da aldeia. Tudo o resto é tipicamente Carpenter, que em 1995 atravessa um pio de forma. Um McRoyal Deluxe muitas vezes incompreendido aquele que é um dos poucos realizadores do mundo incapaz de fazer um mau filme.
Posted by: dermot @
8:06 da manhã
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