segunda-feira, março 28, 2011
BACKBEAT, GERAÇÃO INQUIETA:Título:
BackbeatRealizador: Iain Softley
Ano: 1994

É quase unânime que os Beatles são uma das maiores bandas do Mundo. Quem não o achar é porque é parvo. No entanto, tirando aquelas patetadas com os próprios fab four como protagonistas, não existe nada digno de nota no campo da ficção. O que é estranho, diga-se, tendo em conta que estamos a falar de uma banda que, um dia, foi mais famosa que Jesus Cristo. Mas toda a regra necessita de uma excepção. E a desta chama-se
Backbeat, Geração Inquieta (subtítulo em português medonho).
Em rigor,
Backbeat, Geração Inquieta não é propriamente sobre os Beatles, mas é o que de mais próximo encontramos. É antes um filme sobre o período pré-Beatles, aquele em que cinco jovens de Liverpool viajaram para Hamburgo, na Alemanha, para tocarem como banda residente de um bar manhoso. Contudo, o realizador não se centra na história do conjunto, nem sequer procura iconografar o momento decisivo em que aqueles jovens deixaram o skiffle e o amadorismo para se tornarem profissionais e visionários da música popular anglo-saxónica.
Backbeat, Geração Inquieta é antes sobre dois jovens e a sua relação: John Lennon (Ian Hart) e Stu Sutcliffe (Stephen Dorff).
Stu é considerado o quinto Beatle. Foi com ele e Lennon, amigos de longa data, que a banda começou. No entanto, enquanto que o rock'n'roll sempre foi o sonho de Lennon, Stu apreciava mais a parte de fazer parte de uma banda do que propriamente a música. A sua paixão era mais a pintura. E, hoje em dia, os seus quadros valem uma fortuna. Por isso, essa relação estava destinada a colapsar. O que ninguém esperava é que fosse devido a uma mulher, a alemã Astrid Kirchherr (Sheryl Lee). Irónico que John Lennon não tenha aprendido a lição, já que, anos mais tarde, outra mulher - a maléfica Yoko Ono - iria colocar-se entre ele e o resto da banda, levando ao fim dos Beatles.
Backbeat, Geração Inquieta é um filme sobre relações humanas, primeiro entre os dois amigos e depois entre o triângulo no qual este se desenvolve. No entanto, enquanto que o subtítulo da tradução portuguesa tenta reduzir a história a um drama juvenil sobre a rebeldia e a fúria do crescimento (como um
Fúria De Viver do rock, por exemplo),
Backbeat, Geração Inquieta é muito mais profundo que isso. Irmãos, amantes, homoeroticidade, ciúmes, inveja, lealdade... Uma paleta de sentimentos aflorados de forma mais ou menos objectiva.
Backbeat, Geração Inquieta poderia assim ser um grande filme se tivesse verdadeiramente personagens. Mas não tem. A culpa não é dos actores; Sheryl Lee é um pouco erro de casting, é certo, mas apesar do Lennon um pouco canastrão de Hart, tanto ele como Dorff dão dois Beatles bastante razoáveis. O problema é o argumento esquemático, que não lhes dá profundidade nem tempo para se desenvovlerem, apostando em vários momentos de actuações ao vivo para entremear uma série de episódios por ordem cronológica.
Antes de terminar, não podemos falar de um filme sobre os Beatles sem falar da música. Apesar de não ter nenhuma composição Lennon/McCartney (problemas com os direitos autorais, provavelmente),
Backbeat, Geração Inquieta é uma excelente jukebox de oldies do rock'n'roll, alguns dos quais que se tornaram, inclusive, singles dos Beatles (
Twist and Shout e
Long Tal sally, por exemplo), tocados com sangue na guelra e atitude punk. Porque os Beatles eram os punks do seu tempo.
Enquanto filme dos Beatles,
Backbeat, Geração Inquieta é fraquinho e serve mais para curiosos e fãs da banda. No entanto, se o encararmos como o drama humano que no fundo é, o seu Cheeseburger torna-se ligeiramente mais delicioso.
Posted by: dermot @
10:53 da manhã
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