segunda-feira, janeiro 31, 2011
ENCONTROS EM NOVA IORQUE:Título:
Please GiveRealizador: Nicole Holofcener
Ano: 2010

Nova Iorque, a cidade que nunca dorme, uma das mais populosas dos Estados Unidos e centro nevrálgico do sistema económico mundial. E não só, também um dos centros influenciadores da moda, da cultura e do entretenimento global. Durante anos tem sido o cenário quase exclusivo dos filmes de Woody Allen, tornando-se ela própria uma personagem nos seus trabalhos. E agora é também o pano de fundo de
Encontros Em Nova Iorque, de Nicole Holofcener.
É neste pequeno mundo chamado Nova Iorque, em que as pessoas perderam o contacto entre si e a Natureza, e em que a aparência e a impessoabilidade se impõem cada vez mais em detrimento da essência, que vivem as personagens de
Encontros Em Nova Iorque. Kate (Catherine Keener a especializar-se sempre no mesmo papel) e Alex (Oliver Platt), são um casal feliz, com uma filha rebelde em plena puberdade, que gerem um antiquário. Os dois compraram o apartamento ao lado do seu para poderem fazer dos dois um, mas têm que esperar que a sua dona morra primeiro: Andra (genial Ann Morgan Guilbert, velha rabugenta próxima do registo de
Jerry Stiller em Seinfeld), uma avó com mau feitio, com duas netas (Rebecca Hall e Amanda Peet) que tomam conta de si.
Numa pequena comédia dramática indie, em que a estrutura narrativa não obedece à estrutura convencional em três actos da intriga,
Encontros Em Nova Iorque segue estas personagens na sua vida e nos seus encontros entre si. Oliver Platt trai a mulher com Amanda Peet, que por sua vez faz tratamentos de pele à filha de Catherine Keener, que sente remorsos de estar à espera que Ann Morgan Guilbert morra, que manipula o tempo livre da sua neta Rebecca Hall, cujo feitio é o oposto da de Ann Morgan Guilbert.
Portanto, a trama move-se em círculos, já que tudo na nossa vida é um enorme círculo: tudo compreende um ponto de partida e um de chegada.
Encontros Em Nova Iorque é um filme sobre a perda e a falta de contacto humano, mas é também um filme sobre a passagem do tempo e a morte. Catherine Keener preocupa-se demasiado com o Mundo e com a inevitabilidade de que a nossa passagem por cá e efémera e não deixa marca; o seu marido sente-se velho e por isso enrola-se com uma bimba mais nova; Amanda Peet enrola-se com qualquer um porque vê-se a ir para velha e não consegue arranjar alguém; e todos eles, sem excepção, estão à espera que Ann Morgan Guilbert morra, seja par se libertaem daquele fardo, seja para ocuparem o seu apartamento.
Aparentemente,
Encontros Em Nova Iorque é um daqueles filmes em que nada acontece, apenas o relato do quotidiano de pessoas normais e iguais a nós próprios, mas no fundo sentimos que algo se alterou... em nós(!). E, de forma circular,
Encontros Em Nova Iorque encerra de forma natural e fluída, terminando com elegância um filme simpático e com grande precisão cirúrgica. É como naqueles dias em que dizemos que não temos fome, mas acabamos por nos surpreender a nós próprios com a facilidade com que enfardamos o McBacon.
Posted by: dermot @
10:39 da manhã
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