quinta-feira, janeiro 08, 2009
CORREIO DE RISCO 3:Título:
Transporter 3Realizador: Olivier Megaton
Ano: 2008

Vi o primeiro
Correio De Risco recomendado por um amigo. Desde esse dia, a nossa amizade nunca mais foi a mesma (estou a brincar, deixei foi de lhe pedir filmes emprestados, claro). Depois, ainda caí no risco de ver
Correio De Risco 2 numa das incontáveis reposições nas tardes de fim-de-semana da TVI e fiquei fascinado como é que ainda conseguia ser pior. Não satisfeito, consegui cair no erro de ainda ir ver este terceiro tomo. E como diz a sabedoria popular,
à primeira todos caem, à segunda só distraídos e à terceira apenas os parvos...Jason Statham volta a encarnar o seu Frank Martin, uma espécie de James Bond dos carros. Ele é o melhor na sua profissão, um transportador de encomendas para os mais importantes negócios obscuros. E, por mais que diga que já se retirou, o realizador Olivier Megaton e o produtor/argumentista Luc Besson (o Jerry Bruckheimer europeu) vão arranjar uma maneira de completar a triologia. O argumento envolve uma intriga internacional com a Ucrânia, uma tipa raptada e uma espécie de twist lá para o meio. Ah, é verdade, e umas engenhocas explosivas que lhe dão um ar de
Saw - Enigma Mortal, o filme da moda (Besson não brinca em serviço).
Filmes como este são para se ver com o cérebro desligado e afundado em pipocas. No entanto, mesmo assim,
Correio De Risco 3 consegue passar ao lado. E para começar, pela brutal diferença de ritmo que tem para com os seus antecessores. E nem estou a falar da edição das cenas de acção, seguindo a recente tradição de retalhar as sequências em mil e um frames de milésimos de segundo, que nos deixa sem perceber nada e com uma enorme dor de cabeça. Estou a falar da forma com que o filme se arrasta pesadamente nas partes (supostamente) dramáticas, fazendo-nos aborrecer de morte.
Um dos upgrades neste filme da série foi inserir um elemento feminino à intriga. Afinal de contas, até o mais duro dos duros precisa de amor. E a escolhida foi a desconhecida Natalya Rudakova, uma bela russa descoberta na rua e que, apesar de pouco jeito para a representação, é das melhores coisas do filme (suspiro). No entanto, a sua personagem é ainda mais instável que o próprio filme. Primeiro, começa por ser uma miúda com a rabuja, que não fala com ninguém. E como é que Jason Statham quebra o gelo? Com a frase
não gostas de salsicha?. A partir daí ficam amigos. Até que esta encontra uma pastilha que sobrou de uma festa em Ibiza e, em dois minutos, transforma-se numa ninfomaníaca irritante que não se cala mais. Infelizmente, ninguém consegue dar-lhe um tiro até terminar o filme...
Se
Correio De Risco 2 era um filme extremamente machista (a culpa é de Amber Valletta, que passa o filme todo em trajes menores fetichistas),
Correio De Risco 3 é o completo oposto, com Statham a passar mais tempo em tronco nu do que vestido. O que se mantém é a confusão entre estilo e paletes de filtros e cores saturadas e o irrealismo idiota, mas divertido das situações, se bem que aqui há uma perseguição entre um BMW e uma... BMX(!). No entanto, mais do que parecer mau,
Correio De Risco 3 parece que goza connosco, com os clichés mais básicos de todos: uns barris cheios de um conteúdo tóxico, cujos vapores provovam, instantaneamente, uma varicela mortal; carros que explodem quando caem de ribanceiras; e os vilões sempre armados com uma faca na bota.
Continuo sem perceber quem é que, no seu perfeito juízo, continua a dar dinheiro para fazer um
Correio De Risco 3 depois dos desastres que foram os dois anteriores. O meu Happy Meal explica-se da seguinte forma: um pontinho para o filme, um pontinho para a Natalya Rudakova (suspiro) e um pontinho para o facto de, lá pelo meio, haver inesperadamente no meio de tanta música eletrónica europeia manhosa, um tema dos Stooges e outro da Holly Golightly.

Se tiver coragem, pode ler algo sobre o primeiro filme da série aqui.
Posted by: dermot @
11:38 da manhã
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