sexta-feira, dezembro 12, 2008
O DIA EM QUE A TERRA PAROU:Título:
The Day The Earth Stood StillRealizador: Scott Derrickson
Ano: 2008

Por mais habituados que estejamos, é impossível não nos surpreendermos sempre que anunciam mais um remake de um filme como
O Dia Em Que A Terra Parou. Porquê mexer em algo em que já não vale a pena mexer muito? Mas pronto, neste caso até se aceita um upgrade da história aos dias de hoje, uma vez que a mensagem do filme é intemporal e continua bem presente na actualidade: temos que parar de matar o planeta, porque a nossa sobrevivência depende dele.
O Dia Em Que A Terra Parou é a crónica de uma invasão extraterrestre anunciada: Klaatu (Keanu Reeves) é um extraterrestres com formas humanas que vem à Terra falar com os líderes mundiais para os avisar que, ou páram de estragar o planeta, ou então isto vai tudo pelos ares. E para provar que está a falar a sério, Klaatu traz na sua nave espacial um robot gigante, Gort de seu nome, que é activado pela violência, é indestrutível e é implacável. Claro que depois vai ser envolvida na equação uma tipa gira (Jennifer Connelly) e o seu filho (Jaden Smith), pertinentemente preto para apelar à multicultaridade, que o vão introduzir ao humanismo e às especificidades da espécie humana.
Uma das grandes expectativas deste remake era ver como é que ia actualizar o filme aos dias de hohe.
O Dia Em Que A Terra Parou original era uma metáfora à Guerra Fria (basicamente, como todos os filmes de ficção-científica da época, ou pensam que o facto da ameaça exterior vir sempre do
planeta vermelho era coincidência?) e tinha uma tensão no ar quase palpável. O novo
O Dia Em Que A Terra Parou segue o caminho que praticamente têm seguido os filmes do género no pós-11 de Setembro: a paranóia terrorista e, claro, o filme catástrofe. E para isso abusa do CGI.
A banalização do CGI tem vindo, cada vez mais, a reduzir o efeito surpresa no cinema de ficção-científica. Já não nos surpreendemos com monstros gigantes como a primeira vez em
Parque Jurássico, nem com destruições megalómanas como em
O Dia Da Independência. Por isso, para
O Dia Em Que A Terra Parou ser interessante, era preciso um argumento e não apenas uma sucessão de factos que justificassem o armagedão final. Que é coisa que este remake não tem. Além disso, há que abrir este spoiler: mas quem raio acha que destruir o mundo com bichinhos minúsculos é uma boa ideia? Nanotecnologia o tanas!
Mesmo assim, haviam dois momentos que poderiam ter beneficiado do CGI: a chegada de Klaatu à Terra e, claro, Gort, um dos mais famosos robots da sétima arte. E se o primeiro momento é mesmo o mais conseguido do filme (apesar do disco voador ter sido substituído por umas esferas manhosas), o segundo é revoltante. Eu não pedia outro tipo alto dentro de um fato de borracha, mas transformar um robot gigante num power ranger animado, que se mexe como o bonequinho da michelin, dá logo cabo da vontade de ver o resto do filme.
Para quem conhece e é fã do filme original, este
O Dia Em Que A Terra Parou é uma espécie de desastre de viação. Klaatu ganha super-poderes especiais (isto de ser encarnado pelo
the choosen one tem a suas vantagens), a sua humanização não convence ninguém, a destruição é gratuita, Kathy Bates a fazer de Condoleezza Rice não passa de uma caricatura dos Estados-Unidos-Polícia-do-Mundo, a metáfora Arca de Noé é mais batida que a defesa do Benfica, a frase
Klaatu barada nikto está lá só para dizer que está e a segunda pele de Klaatu é, claramente, postas de bacalhau. E já agora, outro spoiler: para que raio serviu aquela cena de abertura nas montanhas da Índia?
O meu cão já fez coisas com melhor aspecto que isto (mas com pior cheiro, confesso). E também já civ Cheeseburgers mais saborosos que este.
O Dia Em Que A Terra Parou é um dos claros exemplos que depois dão mau nome aos remakes.

Para quem não se lembra do original, é só clicar aqui.
Posted by: dermot @
12:00 da manhã
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