terça-feira, junho 03, 2008
WOLF CREEK:Título:
Wolf CreekRealizador: Greg McLean
Ano: 2005

Confesso que quando começo a ver meio mundo entusiasmado com um determinado filme, desde a mais especializada publicação cinematográfico até ao pasquim mais desprezível da praça pública, apelidando-o como o mais-qualquer-coisa-filme-de-sempre, fico automaticamente de pé atrás. Foi o que me aconteceu com
Wolf Creek, quando este estreou em 2005: descrito por todos com enorme exaltação como o filme mais assustador e violento dos últimos anos, fiquei logo com uma enorme vontade de o desprezar. Mesmo que entre as vozes elogiosas tenham surgido as de Tarantino e de Robert Rodriguez. Apesar de serem um bom barómetro de aferição da qualidade de um filme, também é sabido que os dois mestres vêem muita treta.
Ainda tentei dar-lhe uma chance na altura, mas desisti antes mesmo de começar. Contudo, aproveitando a promoção recente de uma das nossas publicações diárias desportivas (já vos disse como acho incrível um país pequeno como o nosso ter três jornais desportivos diários?), decidi ignorar estes meus preconceitos e avaliar por mim próprio este
Wolf Creek.
Baseado (muito) livremente em casos reais,
Wolf Creek é um pequeno filme independente australiano, filmado em formato digital, sobre três amigos de férias pelo interior australiano, que se vão ver em trabalhos com um redneck autócne, uma versão psicopata do castiço
Crocodilo Dundee.
Tal como a recente série de Eli Roth, Hostel,
Wolf Creek é um slasher com uma matriz muito própria: adolescentes em viagem pelo desconhecido, em férias libertadoras que se vão revelar muito mais "especiais" do que eles estavam à espera. A única diferença entre os jovens de
Wolf Creek e os de
Hostel é que estes não pensam apenas em sexo.
Enquanto que Eli Roth recorria à fórmula do slasher tradicional para moldar as eurotrips dos seus protagonistas, Greg McLean prefere utilizar antes o road-movie, com tiques à Malick, filmando com sensibilidade minutos de natureza e pôres-do-sol. Curiosa e interessante é a forma como filma com a mesma poesia uma gota d eorvalho a deslizar por uma folha como os objectos de tortura do maníaco assassino.
A primeira parte de
Wolf Creek é então um road-movie adolescente, com duas raparigas giras e um tipo musculado a viajarem até ao interior australiano para visitarem a cratera de Wolfe Creek, onde há uns milhões de anos caiu um meteorito gigante. Mas quando regressam ao carro, este não pega... De início, teme-se por uma invasão extraterrestre, o que até tinha sido original, mas pouco depois vai aparecer a verdadeira ameaça do filme: Mick Taylor (John Jarratt), um caçador australiano que os vai caçar, torturar, violar, mutilar e todas essas coisas violentas que as nossas mentes distorcidas gostam de ver de forma bem explícita.
Apesar da parte gráfica do filme,
Wolf Creek faz uma gestão exemplar do suspense, filamdo sempre de forma muito próxima com uma câmara ao ombro, que ajuda a dar umas pinceladas de realismo expressivo à película. De facto, é a grande valência do filme: não traz grandes novidades ao género (de facto, até é uma espécie de rip-off do
Massacre Do Texas), mas destaca-se por ser straight-ahead, sem grandes mariquices. Eu sei que
Last House On The Left é uma boa comparação para qualquer filme de terror, mas aqui assenta como uma luva pela natureza crua e realista da violência que apresenta. Como se Peckinpah tivesse filmado um filme de terror.
Para terminar, uma palavrinha de apreço a Mick Taylor, o psicopata deste filme, que afinal de contas é o grande responsável para que este filme aconteça. Não é tão assustador como Jason, por exemplo, nem tão sangrento quanto Leatherface, mas é assustadoramente violento pela forma como é humano, tão parecido com qualquer um dos nosso vizinhos.
Não é dos filmes mais violentos dos últimos anos, mas é dos mais sinceros e honestos. E é um dos raros casos em que as previsões correspondem mesmo ao resultado final do filme: um McRoyal Deluxe.
Posted by: dermot @
11:27 da manhã
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