segunda-feira, julho 16, 2007
EDUARDO MÃOS DE TESOURA:Título:
Edward ScissorhandsRealizador: Tim Burton
Ano: 1990
Eduardo Mãos De Tesoura foi o primeiro de muita coisa: foi a primeira fábula de Tim Burton; foi o primeiro inadaptado criado/encarnado por Johnny Depp; e foi a primeira colaboração do trio maravilha composto por Burton, Depp e Danny Elfman. Talvez por isto - sorte de principiante? -, Burton nunca mais atingiu a perfeição de forma tão sublime e cristalina.
Como referi no parágrafo anterior,
Eduardo Mãos De Tesoura é uma fábula de encantar, daquelas que começa com
era uma vez, tem monstros que são príncipes encantados e que o amor é o combustível de toda a acção. No entanto, a grande diferença desta fábula para as outras, é que é a mais triste de todas elas: verdadeiramente comovente, que nos faz gastar de forma honesta caixas de lenços de papél.
Eduardo Mãos De Tesoura é um spin-off revisitado do mito de
Frankenstein: num misterioso castelo abandonado num monte sobranceiro a uma pacífica comunidade americana, vive um homem, Edward (Johnny Depp), que foi criado por um cientista solitário (Vincent Price). No entanto, este morreu antes que o pudesse completar - Edward é então um tipo que tem tesouras em vez de mãos.
A comunidade de
Eduardo Mãos De Tesoura é uma das grandes conquistas de Tim Burton, não só em termos visuais, mas sobretudo em termos dramáticos, uma vez que funciona como uma própria personagem (complementada pela magistral banda-sonora de Elfman, pilhada posteriormente em tudo o que é anúncio e filme piroso). Burton recupera um daqueles subúrbios modernistas, típicos do sonho norte-americano (uma casa, um quintal e uma garagem para o carro, repetidas até á exaustão em alamedas curvilíneas), pinta-o como um arco-irís e dá-lhe uma vida rotineira e hermética. Uma espécie de
Donas De Casa Desesperadas meets
1984.
Quando esta comunidade descobre aquele
freak, vai desenvolver-se um estranho fascínio por aquele estranho, que vem perturbar a harmonia do bairro, com a sua fantástica habilidade para a jardinagem. Mas tal como uma comunidade consegue colocar um indivíduo num pedestral, também o consegue arrasar e espezinhar. Especialmente se este for um ingénuo de coração puro, sem grande capacidade de distinguir o bem do mal.
A outra coisa que faz
Eduardo Mãos De Tesoura ser um filme memorável é a interpretação de Johnny Depp. A sua personagem é uma fantástica criação que desperta num primeiro contacto medo e num segundo uma grande simpatia. Além disso, é um trabalho fenomenal de representação física, uma vez que Depp poucas palavras diz ao longo de todo o filme.
Para terminar, não poderia falar do Royale With Cheese sem falar de Vincent Price. Burton deu-lhe uma espécie de cameo na pele do tal inventor, que tanto funciona como homenagem pelo seu trabalho marcante no cinema fantástico, como despedida da sétima arte, uma vez que este foi o seu último papél. E, de forma um pouco mórbida, a sua última cena de sempre no cinema foi uma em que morre. Long live Vincent Price!
Posted by: dermot @
5:53 da tarde
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