terça-feira, março 20, 2007
O LABIRINTO DO FAUNO:
Título:
El Laberinto Del FaunoRealizador: Guillermo Del Toro
Ano: 2006

A estreia internacional de
O Labirinto Do Fauno trouxe-nos uma boa notícia: afinal, os americanos conseguem ser piores do que nós no que diz respeito às traduções dos filmes. É que conseguiram transformar um literal
O Labirinto Do Fauno num
O Labirinto De Pan, quando Pan é uma figura mitológica completamente diferente do Fauno e sem qualquer referência no filme. Americanices...
O cinema mexicano anda na ordem do dia - está bom de saúde e recomenda-se. E ao contrário da sua vizinha Argentina, por exemplo, o cinema do México consiste mesmo em grandes produções, ambiciosas e arrojadas, sem medo de apostar na sofisticação e modernidade. Alfonso Cuarón e Guillermo Del Toro são os dois pontas-de-lança desta nova equipa e só quem nunca viu
Nas Costas Do Diabo, por exemplo, é que pode ficar surpreendido com este
O Labirinto Do Fauno e com os dotes de Del Toro.
O Labirinto Do Fauno é uma alegoria fantástica, que tem a Guerra Civil Espanhola como pano de fundo (tal como em
Nas Costas Do Diabo). No final do regime franquista, o impiedoso Capitão Vidal (Sergi López) combate a Resistência num cerrado bosque espanhol, ao mesmo tempo que espera um filho de Carmen Vidal (Ariadna Gil). E durante isto, a filha desta, Ofelia (Ivana Baquero), vai descobrir um mundo novo de fantasia, um reino de criaturas fantásticas e mitológicas, do qual é a princesa há muito fugida.
Del Toro confessa regularmente o seu fascínio pelos filmes de zombies de Fulci, mas
O Labirinto Do Fauno tem muito mais influência dos zombies de Romero - esta é uma alegoria política, que funciona como uma crítica social acutilante, humanizando os monstros e bestificando os humanos. Del Toro volta a mostrar um fascínio sobre as figuras fantásticas e os inadaptados e, por isso,
O Labirinto Do Fauno é uma espécie de Alice, que em vez de ir para o País das Maravilhas, vai para o circo de
Parada De Monstros.
O filme faz esquecer completamente o universo da Terra Média ou qualquer coisa relacionada com
As Crónicas De Nárnia: o universo fantástico não recebia uma injecção de originalidade e vitalidade desde
Willow Na Terra Da Magia, por exemplo (com a triologia d'
O Senhor Dos Anéis aparte, obviamente). Mas
O Labirinto Do Fauno tem muito pouco de filme juvenil e é mesmo pouco recomendável aos mais novos. Cenas que fazem lembrar o espancamento com o extintor de
Irreversível ou a laceração do Capitão Vidal à la Joker não são as mais indicadas para estômagos mais fracos.
Mas tudo isto é filmado com grande sobriedade e uma habilidade acima da média. Não são só os decors fantásticos e as personagens mirabolantes que valem o fascínio pelo filme. São sobretudo os travellings de Del Toro, a edição e o encadeamento das cenas ou o aprofundamento da trama secundária - a Guerra Civil Espanhola - que fazem de
O Labirinto Do Fauno um grande filme. Só faltava mesmo um pingo a mais de talento a Ivana Baquero...
Para já,
O Labirinto Do Fauno é um dos filmes do ano aqui para o tasco. E por isso, esta prosa termina com o respectivo Royale With Cheese.
Posted by: dermot @
7:12 da tarde
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