terça-feira, fevereiro 27, 2007
DIAMANTE DE SANGUE:Título:
Blood DiamondRealizador: Edward Zwick
Ano: 2006

Agora que já passou a entrega dos Óscares, já me posso debruçar sob os filmes nomeados sobre os quais ainda não tinha opinado. É que não queria ser acusado de influenciar a decisão da Academia, uma vez que eles vêm sempre aqui ler os meus textos...
Diamante De Sangue destacou-se nas nomeações deste ano dos Óscares devido a Leonardo DiCaprio, que concorria pela estatueta de Melhor Actor. Não a ganhou, em detrimento de Forest Withaker, mas se tivesse vencido não tinha ofendido ninguém. Assim como Djimon Hounsou, que fora nomeado para Melhor Actor Secundário. DiCaprio prova aqui que soube contornar na perfeição o estigma
Titanic. E para isso bastou aprender com os melhores: Steven Spielberg e Martin Scorcese.
África é o mais rico continente de todos: tem diamantes, petróleo, ouro, madeira e uma remessa de outras riquezas naturais. No entanto, o seu negócio mais prolífero é mesmo a guerra: dá dinheiro aos soldados, dá muito dinheiro aos senhores da guerra e dá ainda muito mais dinheiros às grandes potências, que acabam por monopilizar todo aquele esquema (basta atentarem ao pertinente
O Pesadelo De Darwin). Actualmente, o circo de guerra está mais complexo do que nunca. E, ultimamente, o cinema parece ter descoberto o conflito africano.
Em 1999, a guerra civil eclodiu na Serra Leoa devido ao tráfico de diamantes. Contrastando com a miséria do povo, os militares enriqueciam, pilhando, matando, violando e raptando. Uma das vítimas dessa carnificina foi Solomon Vandy (Djimon Hounsou), tornado escravo numa das minas de diamantes, onde vai encontrar um maior que um ovo de um pássaro. Paralelalmente, conhecemos o pouco escrupuloso traficante Danny Archer (Leonardo DiCaprio), que vê nessa pedra preciosa o seu bilhete de ida para fora daquela vida.
À volta destas duas estórias desenrola-se a estória de
Diamante De Sangue, um thriller de acção dividido em dois aspectos: o primeiro é o da consciencialização, em que Edward Zwick desmonta o conflito de interesses por detrás da guerra africana e até nos acusa a todos, especialmente o sensacionalismo da imprensa - sob a forma da jornalista Maddy Bowen (Jennifer Connelly); o segundo aspecto é o de filme de guerra, que recupera as saudosas aventuras na selva de Chuck Norris ou de Schwarzenneger - a única coisa que muda é o cenário, com África em vez do Vietname ou da Coreia.
Diamante De Sangue preocupa-se muito mais em ser uma aventura de guerra na selva do que um thriller político. E é isso que o salva do medianismo - porque não tem pretensões e não perde tempo em demasia em acusões de cartilha politicamente correctas. É uma espécie de
O Fiél Jardineiro, mas menos sensível e mais bruto. Claro que com isso também ganha uma relação amorosa de plástico e o final feliz da praxe.
Enquanto filme de acção,
Diamante De Sangue é competente e entretido. Consegue impôr um ritmo frenético e as sequências de acção são excitantes e perigosas. Apesar de ceder por vezes ao "Factor Rambo" (aqueles momentos em que o herói consegue fugir por entre saraivadas de metralhadora, por exemplo),
Diamante De Sangue é um filme de guerra bem mais realista do que estas palavras podem levar a crer.
Diamante de Sangue é um filme cujo principal trunfo é agradar a gregos e troianos: agrada aos espectadores que querem ver um bom filme de acção, com tiros, explosões e sangue com fartura; e agrada aos outros, que querem parecer sérios quando dizem que não gostam de
Rambo III, ao colocar no meio uma história séria.
Diamante De Sangue é um respeitável McBacon - não me digam que estavam à espera de mais, vindo do homem que fez
O Último Samurai?
Posted by: dermot @
5:00 da tarde
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