quarta-feira, julho 14, 2004
O MACACO DE FERRO:
Título:
Siunin Wong Fei-hung Tsi Titmalau
Realizador: Woo-ping Yuen
Ano: 1993
Visto ser um quase total desconhecedor do cinema oriental de artes marciais, congratulei-me bastante quando soube ter a hipótese de visionar este
O Macaco De Ferro. Com efeito, este foi um dos filmes referenciados por Quentin Tarantino como um dos seus preferidos e principal influência sobre o seu
Kill Bill - logo, uma óptima referência para começar.
É verdade que não sou grande conhecedor do cinema de Hong Kong, um facto quase geral (penso eu) nos cinéfilos europeus. Tudo porque o cinema oriental não tem por estes lados grande projecção. Além de algumas excepções, como o genial
O Tigre E O Dragão, ou o recém-estreado
O Guerreiro, apenas nos são dado a conhecer actores como Jackie Chan ou Jet Li, que as produtoras numa tentativa de ocidentalizar os actores orientais, acabam por tornar qualquer movimento de arte marcial num malabarismo circernse. Como tal, é preciso estar dentro da cultura oriental, para entender a essência de tais filmes.
O Macaco De Ferro é a história de um vingador mascarado, que rouba aos ricos para dar aos pobres. Macaco de Ferro é o alter-ego de um respeitável médico (Rongguang Yu), que de noite tenta praticar a sua justiça numa pequena vila em Hong Kong. Adorado pela população e perseguido pelas autoridades, encabeçada pelo delegado Fox (Shun-Yee Yuen), Macaco de Ferro vai se ver a braços com outro mestre shaolin, que chegado à cidade é encabeçado de capturar o vingador mascarado - no entanto, é o eu filho, o jovem Wong Fei-Hung (Sze-Man Tsang) que se torna a figura do filme, como sucessor dos dois mestres rebeldes shaolins.
É a adaptação de Robin Dos Bosques para o oriente contemporâneo.
O Macaco de Ferro é um filme genial dentro do seu estilo. Um filme que retrata toda a cultura oriental, a sua especificação e as diferenças culturais que a tornam numa cultura tão diferente da ocidental (aqui recomenda-se a leitura de um exclente ensaio sobre estas diferenças, intitulado O Elogio Da Sombra, pelo japonês Junichiro Tanazaki), com todas as características do tradicional filme de artes marciais oriental: lutas épicas de coreografias fabulosas entre mestres shaolins, com saltos gigantescos ajudados por muitos cabos, a imagem acelarada em jeito de tornar as batalhas ainda mais rápidas, golpes especiais com nomes estranhos e muita ética oriental.
Este filme tem vantagem sobre outros principalmente em dois pontos: primeiro, no humor - pérolas geniais, à boa maneira de um Charlot ou de um Buster Keaton, contrastando com a depravação moral típica dos desenhos-animados manga; e segundo, as fantásticas coreografias - em que as batalhas são verdadeiros bailados, visualmente cativantes, em que ao fim dos primeiros cinco minutos, nos esquecemos dos cabos e dos saltos impossíveis e ficamos totalmente arrebatados. A batalha final é verdadeiramente inesquecível: um confronto épica entre três mestres shaolins sobre estacas de madeira.
Comparando este filme com uma das poucas referências gerais que é o caso de
O Tigre E O Dragão, podemos fazer uma simbologia em que, enquanto
O Tigre E O Dragão é como conduzir um Rolls Royce, elegante, confortável e seguro,
O Macaco De Ferro é como conduzir um Porsche, rápido, excitante e perigoso.
O Macaco de Ferro é sem dúvida uma excelente inicialização ao cinema oriental. E já me tornei fã do herói mascarado, Macaco de Ferro. Altamente recomendado para quem gosta de filmes de acção; para todos os outros, fiquem longe do filme, irão detesta-lo. Um McRoyal Deluxe apenas, de forma a não tornar muito altas as expectativas.
Posted by: dermot @
9:43 da manhã
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