domingo, junho 20, 2004
MÁ EDUCAÇÃO:
Título:
La Mala Educación
Realizador: Pedro Almodóvar
Ano: 2004
Apesar de não ser um fã dedicado do realizador espanhol, o que é certo é que é impossível não gostar de Pedro Almodóvar. É certo que é um realizador cru, directo e sem contemplações, mas Pedro Almodóvar não sabe o que é fazer um filme mau - no mínimo são menos bons.
Má Educação podia ser encarado como um passo atrás na sua carreira, depois do lirismo de
Fala Com Ela; mas Almodóvar não regrediu. Antes pelo contrário. O que acontece neste
Má Educação, é um retorno às origens, um retorno a um
Ata-me ou, principalmente, a um
A Lei Do Desejo.
Pela primeira vez, Almodóvar faz um filme inteiramente masculino, sem actrizes. O que não o impede de realizar um filme de elevado cariz erótico, de uma grande sensualidade, como é mestre em filmar. O filme, uma história durante o regime franquista, sobre a conspurcação da igreja católica, estranhamente não é uma crítica a nada disto; são apenas os elementos históricos que complementam a história. É um filme sobre os aspectos negativos do Homem - a traição, a vingança, o abuso sexual. E até a história de amor inerente aparece quase como conspurcada pela pedofilia, pela homossexualidade e pelo transexualismo.
Ignacio (Gael García Bernal) é um jovem actor que vai procurar emprego junto ao seu amigo realizador Enrique Goded (Fele Martínez), mostrando-lhe um romance que escrevera baseado nas suas infâncias, passadas num colégio de padres, onde trocaram as primeiras experiências sexuais. O romance, ficcionado ou não, vai reavivar remeniscências passadas, transformando o que parecia ser uma simples história homossexual, em morte, chantagem e vingança, onde a ficção se mistura com a realidade.
Gael García Bernal é um actor cada vez mais em estado de graça e um dos grandes rostos do cinema espanhol. Depois de ter brilhado em
O Crime Do Padre Amaro,
Amor Cão ou no próximo
Diários De Motocicleta, Gael García Bernal volta a um registo mais erótico e carnal, que já havia experimentado no também genial
E A Tua Mãe Também.
Gael García Bernal volta a brilhar, mas tal como o próprio Almodóvar disse, não é o maior papel da sua carreira; o que não o deixa de fazer brilhar, principalmente sob a caracterização de Jean Paul Gautier como a travesti Zahara, com todos os maneirismos homossexuais.
Almodóvar volta então às origens, filmando uma história polémica sem contemplações, conseguindo alternar momentos onde passa a ser mais audaz do que as cenas mais históricas que confere à película. É um filme cru e directo, de estímulos sensoriais, que apesar de andar no estímulo de
A Lei Do Desejo, não deixar de ter o seu quê do lirismo de
Fala Com Ela. Almodóvar consegue filmar toda a história de amor homossexual e transexual sob uma égide de fábula cor-de-rosa.
Má Educação não é o melhor filme de Almodóvar, mas nem por isso escapa de ser um grande filme. Apesar de despertar as mais variadas reacções, é um filme obrigatório e um exclente regresso do realizador às lides cinematográficas.
O McRoyal Deluxe é uma prova de que Pedro Almodóvar é um dos grandes nomes da realização mundial, em que cada filme deve ser consumido com toda a avidez.
Posted by: dermot @
9:29 da manhã
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